quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Coleção

De passagem, observo a poeira nos livros.
Uma vez, meus olhos correram por suas letras e meus dedos, por suas lombadas.
Ainda me assusto se escutos os passos de alguém se aproximando...Vai ver, é o costume.
A luz azulada pela janela entreaberta, dá a impressão de há muito abandonada... 
Mais que nada... Sempre que posso me aproximo e dou mais uma bisbilhotada.
O cheiro de mofo presente nas minhas narinas é conhecido e o ar frio, conforta.
Aqui dentro fiz minha morada. 
Aqui sua santa, mártir e imaculada.Virei homem valente para lutar contra todos pela minha amada. Vesti as melhores vestes e também a carapuça. Chorei, sorri, emoções vivi.
E se for contar das desventuras em série, contaria um milhão de contos por nada...
Não foi por tua causa que virei escrivã, mas foi por causa de ti, que me tornei uma pessoa melhor...
Na biblioteca da casa ao lado, nasci, cresci e ressurgi... como a fênix das lendas divinas que um dia em tuas palavras li...

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Tique-taque

Visualizo as horas passando num tique e taque sem fim.
O momento ainda não chegou mas sinto que ele se aproxima sorrateiro como de costume. Observa pelos cantos. Pé ante pé vem em minha direção.
A ansiedade toma conta de mim e não sei mais o que esperar.
Ora bolas, parece que os segundos se arrastam e o relógio marca uma hora diferente do momento atual.
De repente, quando percebo o ano acabou e o Natal chegou...
É hora de se entregar a festa e comemorar...
Oba! Papai Noel deixou meu presente na meia pendurada na lareira...
A esperança de que a vida seja melhor no ano que vem!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

... e de repente, a saudade

nos mornos lençóis
sinto teu cheiro
presente
como se ainda estivesses aqui
tua presença... 
me toca o corpo
delicadamente
e de repente, me arrebata 
de susto 
num beijo que sufoca 
quase que asfixia
o calor
a saliva
o torpor
sobe e desce
vai e vem
pescoço
nuca
mão
respiração


abro os olhos
e tudo se desfaz


sonho?
realidade?


vazio...
...e de repente, a saudade

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Frase da hora: 13:13:13

"Não sei porque, insisto tanto em te querer..."

Grande cara, esse Fagner, sabia das coisas...

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

dia 02 de dezembro de 2009

Tempestade revirada de vendaval, temporal
Destroços, vidraças quebradas e telhas no chão
Árvores tombadas e água aos cântaros
Sarjeta corrida, boca de lobo entupida
Desgraça pelas vitrines dos meus olhos
E no meio disso tudo...
Um arco-íris a riscar o céu
No anoitecer desse dia
Que se quer esquecer...

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Apenas mais uma de amor... como diz Lulu

Reviro os dias a procura de nós dois
Conto as horas da tua ausência
Sentimento... saudade

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

rasteiras

Aparentemente, a vida parece te dar rasteiras. Mas não.
Ela faz isso pra chamar tua atenção. Ver se tu estás a fazer tudo direitinho, como deve ser...

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Sonetos de Neruda



SONETO XVII
Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,

senão assim deste modo em que não sou nem és,
tão perto que tua mão sobre meu peito é minha,
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.  (p. 27)

SONETO XLIV
Saberás que não te amo e que te amo
posto que de dois modos é a vida,
a palavra é uma asa do silêncio,
o fogo tem uma metade de frio.

Eu te amo para começar a amar-te,
para recomeçar o infinito
e para não deixar de amar-te nunca:
por isso não te amo todavia.

Te amo e não te amo como se tivesse
em minhas mãos as chaves da fortuna
e um incerto destino desditoso.

Meu amor tem duas vidas para amar-te.
Por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo. (p.56)

SONETO LXXXI
Já és minha. Repousa com teu sonho em meu sonho.
Amor, dor, trabalhos, devem dormir agora.
Gira a noite sobre suas invisíveis rodas
e junto a mim és pura como o âmbar dormido.

Nenhuma mais, amor, dormirá com meus sonhos.
Irás, iremos juntos pelas águas do tempo.
Nenhuma viajará pela sombra comigo,
só tu, sempre-viva, sempre-sol, sempre lua.

Já tuas mãos abriram os punhos delicados
e deixaram cair suaves sinais sem rumo,
teus olhos se fecharam como duas asas cinzas,

enquanto eu sigo a água que levas e me leva:
a noite, o mundo, o vento enovelam seu destino,
e já não sou sem ti senão apenas teu sonho. (p. 99)


NERUDA, Pablo. Cem sonetos de amor. Porto Alegre: 1987, L&PM Editores. 10 ed. 122 p.


segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Num final de semana perfeito

Num final de semana perfeito, o sol sairia bem cedinho e viria na minha janela sussurrar pra eu levantar rapidinho que a vida me espera lá fora.
Num final de semana perfeito, eu colocaria aquele vestido que você me deu e calçaria aquelas sandálias coloridas como os dias de primavera do fim de outubro.
Num final de semana perfeito, você me esperaria no portão, com flores escondidas trás do seu corpo e com um sorriso luminoso.
Num final de semana perfeito, a gente fugiria prum lugar longe de tudo isso que só a gente conhece.
Num final de semana perfeito, a gente passaria o dia inteiro pra lá e pra cá na rede, decorando letras de músicas e declamando poemas do Quintana.
Num final de semana perfeito, eu colheria os beijos mais doces dos teus lábios e você me teria nos braços como uma criança mimada.
Num final de semana perfeito, o sol se poria devagarinho e os seus raios alaranjados abençoariam a paisagem mais linda que eu já vi.
Num final de semana perfeito, a noite viria de mansinho e as estrelas tomariam o céu.
Num final de semana perfeito, a cama seria só uma desculpa pras loucuras que faríamos entre quatro paredes.
Num final de semana perfeito, passaríamos a noite decorando a geografia dos nossos corpos e o sono viria bem depois.
Num final de semana perfeito, dormiríamos o sono dos justos e sonharíamos com os anjinhos.
Num final de semana perfeito, não existiria segunda-feira.

sábado, 17 de outubro de 2009

amor não é jogo de azar - de Clarah Averbuck

tem tanta coisa que não importa
saio aqui nesta janela com a pior vistada praça rusvel da qual eu tanto reclamo e
penso: não importa

não importa de quem ou para quem
não importa se foi ou foi inventado

não importa se sou eu ou você.

importa a ardência no nariz
o aperto no peito
o gozo
o quase gozo
umas idas e vindas uns começos e uns fins
a montanha de travesseiros que conseguimos fazer na nossa cama grandona
o som bem equalizado
a vida,
meu querido,
a vida
e todo esse amor que nunca vai embora.
o amor não é jogo de azar
isso aqui não é las vegas
e jamais conseguiremos fugir de nós mesmos.
lembra?


in: http://clarahaverbuck.virgula.uol.com.br/?p=317


nota de rodapé: os amores modernos, meu bem, são sempre melhores virtualmente...

sábado, 10 de outubro de 2009

Eu sou

Eu já fui, um dia, bem mais do que sou hoje.
Já fui bailarina, já fui astronauta, já fui rainha.
Já fui feia, já fui mendiga e maltapilha, também.
Já fui poeta, fui cantora, compositora, modelo e atriz.
Já fui triste, já fui chorona, já fui malamada.
Já fui pequena, rancorosa... já fui grande e perdoável...
Já fui amiga, já fui amante, já fui a atual e a outra também.
Já fui aquela que sonha com dias melhores pra sempre.
Já fui aquela que não tá nem aí.
Já fui dançante, já fui direto pro travesseiro e pra debaixo do chuveiro.
Já fui leitora, já fui tiete, já fui jurada.
Já fui...
Mas amanhã eu vou ser muito melhor do que hoje.
Vou ser mãe, vou ser avó, vou ser cinza.
Vou ser esperança, vou ser verde, azul, amarelo e vermelho também.
Vou ser futuro, vou ser passado.
Vou ser aquela que te tira o fôlego.
Vou ser aquela que fita o infinito.
Vou ser um ser humano melhor ou pior.
Vou ser uma arquiteta respeitada, uma mãe desnaturada ou uma mulher pirada.
Vou ser grande, imensa, gigante.
Vou ser viajante, viajada, parada.
Vou ser nada além do que eu mesma.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Olhando pro meu umbigo...

Eu só queria entender o que se passa na cabeça das pessoas... Será que é pedir muito?
Todos os dias eu me esforço pra ser uma pessoa melhor.
Eu faço terapia pra entender e me entender.
Rezo pra ter paciência, eu respiro fundo.
Mas, absurdamente, eu ainda observo os seres humanos...
E tenho a estranha sensação de não-pertencimento a este mundo...
Os outros têm um defeito muito feio: só olham pra si mesmos, num exercício eterno de egoísmo explicito.
Se a gente parasse e olhasse ao redor, quem sabe veria tudo menos distorcido.
Sim, porque quem olha através das próprias lentes, vê as coisas distorcidas.
Os seres humanos são uns bichos engraçados...
Despejam milhares de palvaras uns em cima dos outros e não veem, que se nesse exercício peristáltico, sujam, quebram, magoam...
É dificil aceitar que os outros sejam assim, até porque os outros também devem me ver assim...
Eu não sei ao certo o que se passa, mas continuo incompreendendo o mundo ao redor...
por mais terapia que eu faça, por mais que eu reze...

domingo, 4 de outubro de 2009

Pensando bem... Generosidade, de Eugenio Mussak (Revista Vida Simples, Mar 2009, p.47)

"... ficaram sabendo que as tardes em que a avó dizia dirigir-se a um centro de terceira idade para se divertir, na verdade, eram ocupadas por um trabalho voluntário em um asilo para idosos, alguns mais jovens que ela, mas com menos saúde e mais tristeza. Ela registrava fatos, incluindo os momentos alegres, como as festas que comemoravam datas ou apenas 'celebravam a vida', para usar suas palavras, e também os tristes, como as mortes frequentes e as crises próprias da sensação de abandono.
Entre os escritos, um depoimento as tocou profundamente, aqui reproduzido: 'Eu me doo porque me perdoo. Quando era jovem e tola, eu queria tudo para mim, achava que o mundo era meu e que eu podia usufruir dele sem pedir nem agradecer. Agora, que sou muito mais velha e um pouco mais sábia, entendi que nada me pertence de verdade, nem a vida, que passa em um instante, nem meus filhos, que apenas vieram de mim, e muito menos as coisas, que são apenas matéria, e continuarão sendo, mesmo quando eu deixar de ser. Depois de uma vida dedicada às tolices, decidi perdoar-me por ser tola e dar-me a chance de ser generosa, assim eu terei a  única coisa que me pode pertencer: minha própria paz.'
A descoberta  e o texto mexeram profundamente com os sentimentos da filha e da neta. Não era para menos. Elas começaram, então, a lembrar os detalhes da vida da avó, que realmente havia mudado de um comportamento supeficial e mundano para outro, mas profundo e espiritualizado, ao longo dos anos, especialmente após ter enviuvado. Ela havia sido uma mulher rica que não conhecera o sofrimento da escassez ou do desamor. Mas, quando amadureceu, fez uma escolha que definiu como sendo a troca da 'tolice pela generosidade'."

... um pouco de reflexão, poética e sentimento, nesse domingo à noite, dia oficial da melancolia.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Perguntas sem reposta

Posso perguntar uma coisa:
Mãe sempre briga com filho?
A gente consegue viver sem oxigênio?
Será que existe vida em Marte?
Um dia eu vou dirigir com carteira?
É possível pagar pra entrar no céu?
O que significa "amarrar cachorro com linguiça"?
Exceção se escreve como?
Como é que a gente deixa de amar alguém?
O Michael Jackson era branco ou preto?
Por que o fogo queima?
Você tem fome de quê?
Você tem sede de quê?
Quando é que o mundo vai ter paz?
Quanto é 1.589.795 vezes 504.623?
Onde fica a Botsuana?
Para onde a gente vai quando a gente morre?
Deus existe?
... e você? Quer saber o quê?

domingo, 20 de setembro de 2009

Nessa brincadeira de sorrir e xingar dos últimos meses, acabei por descobrir que o que nos une é algo mais... É algo que com certeza faz parte do nosso futuro e fez toda a diferença no nosso passado... Passado, presente e futuro... tudo se confunde... e se funde, numa coisa só... chamada vida.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Para o amor perdido - Fernanda Young

"Fiquei triste. Num momento você estava aqui, no outro já não estava. Igual a um bicho de estimação que morre de repente e somem com o corpo.
Para onde foi tudo aquilo? Que tínhamos tão seguro. Tão certos de sua eternidade. Para onde foi, hein? Meu peito, depósito subitamente esvaziado, aperta-se no meio de tanto espaço.Tento identificar o instante, quando o que tínhamos se perdeu. Mas nem sei se o perdemos juntos ou se juntos já não estávamos. Me desespera saber que um amor, um dia desses tão grande, possa ter desaparecido com tanta facilidade.

Como já disse, estou triste; e isso me faz acreditar no poder das cartas. Não falo de tarô, mas destas, escritas e mandadas ou não mandadas. Cheias de questões e metáforas, que assim, misturadas cuidadosamente, num cafona português polido, soam mais sensatas.

Qual poder espero desta carta? Simples: que deixe registrado este meu estranho momento. Quando o que devia ser alívio revela-se angústia. E a cabeça não pára, vasculhando cantos vazios.Não gosto de perder as minhas coisas, você sabe. E hoje, cercada pela sua ausência, procuro o que procurar. Experimentando o desânimo da busca desiludida. Pois, se um amor como aquele acaba dessa maneira, vale a pena encontrar um outro? Será inteligente apostar tanto de novo?Aposto que você está pouco se lixando para isso tudo. Que seguiu sua vida tranqüilamente, como se nada de tão importante tivesse ocorrido. E está até achando graça desta minha carta, julgando-a patética e ridícula. Você, redundante como sempre.

Só há uma coisa certa a respeito disso: não desejo resposta sua. É, esta é uma daquelas cartas que não são para ser respondidas. Apenas lidas, relidas, depois picadas em pedacinhos. Sendo esse o destino mais nobre para as emoções abandonadas.

Queria apenas pedir um favor antes que você rasgue este resto do que tivemos. Se algum dia, tendo bebido demais, sei lá, você acabar pensando tolices parecidas com estas, escreva também uma carta. Mesmo sem jamais saber o que você irá dizer, sei que ela fará de mim menos ridícula. Neste amor e, por isso, em todo o resto. Pois adoraria que você fosse capaz de tanto - escrever uma carta é um ato de desmedida coragem. E eu ficaria, enfim, feliz comigo, por tê-lo amado. Um homem assim, capaz de escrever bobagens amorosas.Então é isso - como sou insuportavelmente romântica, meu Deus. Termino aqui essa história, de minha parte, contando que estas palavras façam jus ao fim do amor que senti. E deixando este testamento de dor, onde me reconheço fraca e irremediável. Porque ainda gostaria de poder acreditar que você nadaria de volta para mim."

Fonte: http://claudia.abril.com.br/materias/2218/?sh=25&cnl=5

quarta-feira, 29 de julho de 2009

apesar de

"... uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida."


Clarice Lispector

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Frios e fichas

Nesses dias frios, de geladas palavras entre nós, senti que devia algo mais.
Devia no sentido de estar em divída, nenhum outro mais.
Senti que as coisas poderiam ser mais brandas e amenas.
Senti que se tudo estivessem límpido com cristal de gelo, as verdades absolutas cairíam por terra como as gotas de água que escorrem ao longo do dia.
Então, de certa maneira, usei os meus melhores artifícios, escritos ou falados, quem sabe até desenhados, para poder contar friamente o que há tempos vinha sendo detalhadamente esquematizado na minha cabeça.
Coloquei as cartas sobre a mesa e esperei a tua próxima jogada.
Gélido, o silêncio marcou sua presença no caderninho e fez com tu te esquivasse por mais uma vez.
Apostei.
Perdi.
Não foi desta, mais uma vez.
Pois bem, passei a vez.
Agora quem me deve, és tu.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Maresia

Resolvi olhar teus olhos por outros olhos e o que vi foi tudo igual, nem mais, nem menos. Olhos marejados de tanto a-mar... A deriva, passa assim, pra lá e pra cá.


Recolhe na beira, pequenos pedaços de fragatas e náufragos desfilando sem parar. Catar conchinhas, contar estrelas do mar. Lembranças da bruxa do mar do norte.


Vai-e-vem. Vai-e-vem. Onda...

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Sussurro... Shhhhh

Ouça...
A experiência não é tudo, mas sempre conta.
Recolha os conselhos que os outros te dão, faça um apanhado geral do que já foi vivido e coloque tudo no mesmo balaio.
Retire de lá, somente o que te for bom, prazeiroso e indolor.
Fique com as doces lembranças, com as amizades afetas, com as saudades cristalinas...
Ouça...
Eu não vivi muitos amores, nem chorei todas as minhas dores.
Mas posso te dizer que cada momento me revelou seu brilho, sua marca.
Depois de tudo, só guardei o que foi bom, independente do que tenha sido.
Ouça...
As melhores palavras são aquelas das entrelinhas.

terça-feira, 26 de maio de 2009

A vida é sopro (parafraseando Oscar)

Tenho castelos de areia e eles se desmancham com a força do vento ou com balanço das ondas.
Quando completo uma torre, já está na hora de refazer a primeira.
E o fosso, nunca dá tempo de fazer...

sábado, 9 de maio de 2009

Decidi seguir meu coração, botei pra fora algumas palavras entaladas. O efeito não foi dos melhores, eu admito. Logo hoje, véspera de dia das mães. Sei lá se vão surtir efeito, mas saiu. Tentei. Queria muito que me ouvisse, mas penso que entrou por um ouvido e vai sair pelo outro. Embora, nem eu esteja me sentindo melhor por isso, penso que foi bom assim. Quisera acreditar em dias melhores, pra mim e pra você. Pensa no que eu te disse. Por favor, por mim, por ti, pelo nosso futuro.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Quintana

"DA FELICIDADE
Quantas vezes a gente,em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão,por toda parte,os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!"

e não é que o avozinho sabia das coisas... pelos 15 anos sem ti...

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Nico Nicolaiewsky - Ser feliz é complicado

Ser feliz é complicado
bem mais fácil é sofrer
e ficar parado
sem saber o que fazer

Eu não sei o que fazer
vou fazendo mesmo assim
eu não vou ficar esperando
alguém fazer por mim

Vou deixar o sol entrar
acabar com a escuridão
abrir a janela do quarto e gritar para o mundo
eu quero outra chance!

Alguém vai escutar
alguém que vai sorrir
alguém que como eu cansou de desistir

Vou abrir meu coração
alguém vai escutar
então vou deixar o sol entrar.


PS. Num dia cheio de citações, enfeito as páginas dos
meus dias há tanto abandonadas, enfeito com palavras
do reflexo dos meus dias...

Saramago

"O coração do homem é um eterno insatisfeito e o simples dever cumprido, afinal, não dá tanta satisfação como vem dizendo os que como pouco se contentam." p.332-333

"A insatisfação, meu filho, foi posta no coração dos homens pelo Deus que os criou, falo de mim, claro está, mas essa insatisfação, como todo o mais que os fez à minha imagem e semelhança, fui buscá-la aonde ela estava, ao meu próprio coração, e o tempo que desde então passou não a fez desvanecer, pelo contrário, posso dizer-te, até, que o mesmo tempo a tornou mais forte, mais urgente, mais exigente." p. 369

SARAMAGO, José. "O Evangelho Segundo Jesus Cristo". São Paulo, Companhia das Letras, 2000, 23ª reimpressão


Há tempos vinha querendo postar isto. Talvez tenha chegado a hora. Hasta luego.

segunda-feira, 30 de março de 2009

espelho, espelho meu

Olhei novamente o espelho da minha existência e nessa mirada, percebi coisas que não estavam ali da última vez: rugas, pedaços de um coração partido, sorrisos, ansiedades, esperanças, cabelos brancos...
Os dias se passam de maneira frenética e a gente tenta se agarrar a eles com uma ânsia pérfida que me enoja. Mas eu confesso que alguns deles eu queria guardar pra sempre no bolso da minha calça jeans.
Envelheço sem perceber e mantenho o espírito de menina alegre que assistia sessão da tarde e brincava de professora com meu avô.
Observo agora as rugas que me fazem mulher...
Onde foi parar o meu pote de renew?

domingo, 22 de março de 2009

Direto ao ponto (ou Memórias de um tempo não muito distante)

EU GOSTO DE HOMEM
Eu gosto de homem apaixonado, daqueles que dançam de rosto colado.
Eu gosto de homem divertido que me faça rir de coisas sem sentido.
Eu gosto de homem romântico. Não não do tipo que manda flores e fala todo melado. Gosto daquele que sem motivo me convida para ver estrelas no telhado.
Eu gosto de homem inteligente que gosta de conversar todo empolgado e saiba ficar calado.
Eu gosto de homem carinhoso e também um pouco dengoso.
Eu gosto de homem caseiro, apenas eu, ele e o travesseiro.
Eu gosto de homem tarado, que quando tu achas que a mão está aqui, já está lá lá do outro lado. Eu gosto de homem assim... se é que tu me entendes. Eu gosto de homem assim caliente.
(Ana Paula Juruena)

segunda-feira, 2 de março de 2009

Amor estranho amor

Não me desminta! Eu não quero falar de nós. Os mais amarrados possíveis. Aqueles que nos uniram e que hoje são só a lembrança do que poderia ter sido então.
Não me faça de idiota! Eu não sou brinquedo, nem boneca, nem marionete. E não quero falar o que ficou entalado todo esse tempo.
Não me faça chorar! Eu não quebrei seu gelo e fiquei a imaginar todas as situações que criamos, eu e você.
Não me deixe sozinha! Eu sonhei que te fiz feliz e no meu sonho, a Terra era azul!
Não me crucifique! Eu errei e pago por todos eles, um a um, com a ilusão de, no final, continuar a te dever alguma coisa.
Me abandone! Vá embora! Se afaste de mim! Eu choro cada lágrima com o gosto de saber exatamente como não foi cada segundo.
Me deixe! Vá pra longe! Não me procure mais! Eu assumo a culpa, os erros, a falta de carinho, o descaso!
O meu destino é ver-te ir e vir, sem nunca possuir!


PS. Isso não é inspirado em ninguém, eu juro. Bom, talvez seja... Não sei... Melhor assim.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

...

Não me faça, mais uma vez, criar falsas esperanças.
Não me faça crer que eu tenho uma chance.
Não me iluda, por favor.
Basta de noites mal dormidas, de sentimentos incompletos, de amores mal resovidos.
Chega de eu achar "chifre em cabeça de cavalo", "pelo em ovo", "agulha no palheiro".
Eu não quero sentir, não quero pensar, não quero saber.
Quero continuar no meu mundinho, quietinha.
Pedindo pra não ser vista, nem notada.
Rezando pra que no dia seguinte eu não esbarre em qualquer resquício da tua presença.

Puta merda, que é que eu faço com o que restou de mim depois daquele abraço?

Aragem

Confesso que desde a última vez em que estive aqui, muita coisa está diferente... Não sei se é o lugar, se sou eu, se é o ar pesado das chuvas de verão dos últimos dias.
O importante é que o mundo tem sido bom, as cores mais vivas e a leveza do andar tem me acompanhado.
Não que os grilos ( os novos e os de sempre ) estão desaparecidos, mas talvez tomaram novas formas... Formas de vagalumes?!?
Talvez conhecer outros horizontes tenha sido bom e desta experiência tenham as melhores impressões possíveis.
Oxalá, tenha sido assim...
Quiçá o futuro reserve melhores ventos.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Por onde andei


Venta
Ali se vê
Onde o arvoredo inventa um ballet
Enquanto invento aqui pra mim
Um silêncio sem fim
Deixando a rima assim
Sem mágoas, sem nada
Só uma janela em cruz
E uma paisagem tão comum
Telhados de Paris
Em casas velhas, mudas
Em blocos que o engano fez aqui
Mas tem no outono uma luz
Que acaricia essa dureza cor de giz
Que mora ao lado e mais parece outro país
Que me estranha mas não sabe se é feliz
E não entende quando eu grito

O tempo se foi
Há tempos que eu já desisti
Dos planos daquele assalto
E de versos retos, corretos
O resto da paixão, reguei
Vai servir pra nós
O doce da loucura é teu, é meu
Pra usar à sós
Eu tenho os olhos doidos, doidos, já vi
Meus olhos doidos, doidos, são doidos por ti (TELHADOS DE PARIS, Nei Lisboa)

"... por onde andei, enquanto você me procurava
e o que eu te dei foi muito pouco ou quase nada..." (POR ONDE ANDEI, Nando Reis)

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

P.S.

Sorte de hoje: Cada homem é arquiteto de sua própria sorte

Tá brincando comigo?

Para uma reflexão de final de semana

E se a gente fosse pra Marte? Será que seria diferente com menos oxigênio? Ou com o mundo mais vermelhinho? (Parêntesis pra piada infame: Ao invés de a gente dizer "E aí? Tudo azul?"; a gente ia dizer: "E aí? Tudo vermelho? hahahaha - nada a ver né?) Será que cruzaríamos com aqueles simpáticos serezinhos verdes?

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Existência

Às vezes, quero sumir e manter minha boca grande fechada pra sempre.
Às vezes, quero arrebentar a boca de alguns balões.
Mas quase sempre quero que a minha existência não seja despercebida por alguns alguéns e faça a diferença para uns poucos e bons.
O que quero é que quando eu for, eu possa olhar e me dizer do pouco que vivi:
- Na próxima vinda, quero muito mais!

domingo, 25 de janeiro de 2009

Mais uma vez, Carpinejar

"Vicente cola seus olhos nos meus. Como uma luneta.
O nariz frio é a ponta do seu dedo me reconhecendo.
Com os rostos próximos, diz que tenho olhos de raposa. Enxerga uma raposa correndo de noite.
- Já viu antes uma raposa?
- Não, não preciso ver para saber como ela é.
(...) Eu já sinto saudade dele mesmo quando estamos juntos. É uma falta antecipada.
Ele não me entende. Busco explicar saudade para suas pupilas paradas de caçador.
(...) Saudade é esperar a ligação do avô que já morreu.
Saudade é não jogar fora as meias que se desencontraram do seu par.
(...) Saudade é um poço artesiano coberto por uma tábua.
(...) Saudade é errar o caminho quando se vai ao trabalho.
Saudade é quando a gente esconde uma lembrança dentro de uma música. E a música dentro de uma lembrança.
(...) Saudade é lembrar do que poderia ter acontecido antes de acontecer.
(...) Saudade é esquecer o que se falou com Deus.
Saudade é saber a importância do que nunca se teve.
Saudade é reconhecer um amigo de infância no filho.
Saudade é sentar na escadaria de uma igreja só para suspirar os degraus que faltam.
Saudade é parar diante de um mendigo com as mãos vazias.
(...) Saudade é escrever o que se precisa ler.
Ao entrar em seu quarto no dia seguinte, escuto sua conversa com a irmã Mariana. Ela o incomodava com tapinhas nos ombros e o enervava com apelidos.
- Quando está longe, só penso coisas boas de você, Mariana. Não estraga a minha saudade."

(CARPINEJAR, Fabrício. Olhos de Raposa, in: www. fabriciocarpinejar.blogger.com.br)


PS. Peço desculpas por postar tanta coisa desse autor, Fabricio Carpinejar, mas por algum motivo sinto que as minhas emoções são mais familiares nas suas palavras.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Mais palavras

No vazio dos dias de verão, as palavras amigas são calmantes naturais, como camomila ou erva cidreira.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Pensamento do dia

" Indecisão é quando você sabe muito bem o que quer, mas acha que deveria optar por outra coisa. "
Autor desconhecido


sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Bens...

"Faça o bem sem ver a quem."
Velho ditado, coisa da vovó.
Mas pensando bem (com o perdão do trocadilho), tem um fundo de razão.
Quando somos gentis, recebemos a gentileza alheia em troca. Quando somos grosseiros, recebemos destratos fenomenais. Pois então, faz sentido.
Não estou dizendo pra sermos cachorrinhos, dizer amém pra qualquer coisa pra passar de bonzinhos, não é esse o objetivo deste pensamento.
Estou falando de gentileza, educação, generosidade. Coisas tão fora de moda hoje em dia...
"Bom dia", "por favor", "obrigada". "Até logo", "durma bem", "pode passar".
Há de se ter gentileza ao comprar o pão, ao entrar no elevador, ao esperar na fila do banco. Gentileza no dia de chuva e gente sem sombrinha, no ônibus cheio e o idoso de pé, no trabalho, em casa ou no passeio matinal.
Dá pra recolher o cocô do meu cachorrinho. Dá pra jogar o papel do chiclé no lixo. Dá pra deixar o pedestre atravessar a rua.
Pode ser também dar comida àquele que tem fome, arrumar o guarda-roupas e separar as roupas para doar a quem precisa, visitar o asilo e o orfanato.
Hoje acordei pensando nisso...
Acordei pensando em fazer o bem...
Se a gente ganha dinheiro pra poder adquirir bens, pode adquirir bens sem nem precisar gastar dinheiro também.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Novo ano novo

Renovar a esperança é importante, assim como reciclar as idéias e as emoções.
Descobrir o novo em pessoas velhas.
Redescobrir o velho em pessoas novas.
Que assim seja, um dia a mais como se fosse novidade; um dia a menos como se fosse passado.

Feliz ano novo... Clichê demais? Que seja! Às vezes, é bom ficar com o antigo...